Peles, Pra Que te Quero?

Sempre que penso no uso de pele animal na moda lembro do filme O Silêncio dos Inocentes.

Para quem acabou de chegar de marte, neste filme, um clássico do cinema de suspense, onde uma agente do FBI pede ajuda a um serial killer para encontrar outro assassino serial, Bufalo Bill, como ficou conhecido, sequestrava mocinhas de pele branca e um pouco acima do peso, matava e tirava pedaços específicos das suas peles, tudo isso para confeccionar um casaco de pele humana.

Já pensou se isso virasse moda?

Peles na Moda

Na Europa, estilistas italianos tiveram um ponto em comum em quase todas as coleções de inverno 2011/2012, as peles. Seja em detalhes, casacos, estolas, pelerines… Peles de coelho, minc e outras, desfilaram em profusão nas passarelas.

E apesar da tecnologia atual conseguir criar peles sintéticas com um aspecto tão próximo da realidade, em tempos de consciência ecológica, ainda há os que teimem no uso de peles verdadeiras, apesar dos constantes debates contra os maus tratos animais.

Foi o que aconteceu com a coleção Pelemania da Arezzo. Uma marca que até então havia sido marcada pelo bom gosto em seus produtos e por campanhas publicitárias que promoviam a diversidade sexual.

E apesar da atitude em retirar as peles do mercado, a desastrosa declaração do presidente da empresa que defendeu o uso delas por serem tendência mundial (demonstrando claramente não estar nem aí para o que pensam os consumidores) conseguiu entrar pra história da moda brasileira como o #fail do ano.

E se outras marcas não tomarem cuidado, e repensarem suas posturas, essa pode ser apenas a primeira peça de um efeito dominó.

Tendência x Consciência

Há tempos o uso do couro e das peles na confecção de roupas e acessórios  é questionada por ativistas ecológicos. Principalmente no hemisfério Norte, onde há frio para de certa forma estimular o consumo. No Brasil, definitivamente, nem vejo serventia.

Se bem que devido aos preços absurdos – afinal peles certificadas, de animais criados única e exclusivamente para o abate, além de não minimizar a crueldade, ainda custam mais que os olhos da cara – ter uma pele legítima é muito mais uma questão de status social que abrigo do frio.

Prefiro nem entrar aqui nos conceitos do uso do couro do boi e outros animais que fazem parte da nossa cadeia alimentar e o aproveitamento total de seus derivados, mesmo que pra mim este aproveitamento seja sensato, apesar de não menos cruel. Confesso ter repensado bastante sobre a minha postura, principalmente, diante desse episódio, e o que posso fazer por isso.

Pra mim, não há tendência de moda que justifique a matança de animais única e exclusivamente por questões ornamentais e estéticas. Creio que já passou da hora de sermos mais conscientes.

Que o caso Arezzo seja um marco na moda brasileira, que tem muito mais borogodó do que qualquer tendência internacional, e inspire novos estilistas e coleções a ter cada vez mais uma atitude mais sustentável e consciente.

___________________________________

Este post faz parte da blogagem coletiva do Luluzinha Camp, contra o uso de peles na moda, mas sobretudo, pela consciência contra os maus tratos animais. Indico que acessem o link e confiram os outros textos sobre o assunto.

2 comentários Adicione o seu

Deixe um comentário